Reintegração de posse retira violentamente 450 famílias de ocupação

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Reforma Urbana
27 de julho de 2016

A ação, ocorrida nessa segunda-feira, 25 de julho, resultou em troca de tiros e três pessoas detidas

Famílias foram despejadas nessa segunda-feira (25) da ocupação Terra Pelada, no Jardim Raposo Tavares, zona oeste de São Paulo, depois da Polícia Militar do Estado de São Paulo realizar a reintegração de posse, solicitada pelo município. Segundo os moradores, em 2013 eram 350 famílias no local, que chegaram a ser cadastradas pela Subprefeitura do Butantã. Mas, nos últimos meses, esse número havia subido para 450. Já a Prefeitura afirma ter cadastrado 211 famílias para os programas de habitação. Ainda que o número seja diferente, essas famílias não têm para onde ir.

O local, pertencente ao município, apresenta risco de deslizamento, segundo posicionamento da Defesa Civil. O caso tomou maiores proporções na mídia após o ex-senador e candidato a vereador pelo Partido dos Trabalhadores Eduardo Suplicy ser detido e levado para a 75º Distrito Policial ao resistir junto às famílias à ação de reintegração. Mais dois jovens foram detidos e ainda aguardam para serem liberados.

Benedito Roberto Barbosa, o Dito, advogado popular e coordenador nacional do Fórum Nacional de Reforma Urbana, que estava presente no momento da reintegração, relata que os policiais agiram violentamente contra os moradores, lançaram bombas de efeito moral e houve trocas de tiro. “A violência desmedida por parte da PolíciaWhatsApp-Image-20160726 (1) Militar mostra com toda crueza até onde a mão dura do Estado pode ir contra os mais pobres, contra aqueles e aquelas que lutam por um teto para morar”, afirma. A Tropa de Choque da PM-SP utilizou aparato de guerra para realizar a reintegração, contra os moradores.

O conflito entre a Prefeitura e os moradores foi acompanhado desde o início pelo Movimento da Zona Oeste da Capital, filiado à Central de Movimentos Populares. Raimundo Bonfim, integrante da CMP, afirma que houve várias tentativas de negociação com a Prefeitura, porém esta não demonstrou interesse em dialogar.

As ocupações são um fenômeno sintomático“, alerta Dito. Com a crise econômica, que acaba desembocando em um aprofundamento da crise social, a população desempregada é a que mais sofre. Em algumas regiões periféricas da cidade de São Paulo o aluguel de um quarto e cozinha já chegou a custar R$ 800,00 nos últimos meses. Acrescente-se a isso concentração de terra, especulação imobiliária e ausência de políticas públicas. As ocupações são um reflexo desse quadro desigual.

Saiba mais:

Suplicy diz que participou de reintegração para evitar violência policial (Agência Brasil)

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