Nem fome e nem industrializados

Segurança Alimentar e Nutricional, Inclusão e Sustentabilidade
31 de outubro de 2016

Aliança contra a insegurança alimentar vem em contexto em que 7.2 milhões ainda passam fome

Na última quinta-feira, dia 27 de outubro, aconteceu o lançamento da Aliança Pela Alimentação Adequada e Saudável, uma associação de organizações sociais, entre elas o Instituto Pólis, que têm por objetivo garantir o acesso a uma alimentação saudável e de qualidade e a segurança alimentar e nutricional, combatendo, assim, doenças crônicas decorrentes da má nutrição.

O evento de lançamento contou com um bate-papo com a nutricionista Elisabetta Recine, o ciclista e advogado Marcelo Sgarbossa, o agrônomo Leonardo Melgarejo, a jornalista Anna Monteiro, a coordenadora executiva do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) Elici Bueno e da  iretora executiva da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT) Paula Johns.

Segundo dados do IBGE de 2013, apenas 105.180 pessoas com 18 anos ou mais comem feijão regularmente, e somente 54.521 consomem o recomendado de frutas e hortaliças. Na mão contrária, o consumo de alimentos açucarados, industrializados e processados só aumenta. Se de um lado, há a escassez de alimentos saudáveis, de qualidade e orgânicos, do outro se consome alimentos de baixa qualidade. É nesse contexto que nasce a Aliança Pela Alimentação Adequada e Saudável, no sentido de aproximar esses dois extremos alimentares numa rotina alimentar equilibrada, prevenindo doenças como a obesidade e a desnutrição.

Apesar de programas como o Bolsa Família e Brasil sem Miséria terem contribuído para que o país saísse do mapa da fome da ONU em 2014, o IBGE calculou em 2013 que ainda 52,05 milhões sofriam algum tipo de insegurança alimentar, dos quais 7.2 milhões passavam fome.

Segundo a Aliança, ações de empresas agro-industriais que concentram influência política e econômica, a concentração de terra, o modelo de produção agro-industrial massivo e afins tiram de vista a produção agrícola familiar e orgânica e a sociobiodiversidade alimentar, ou seja, a cultura por trás das práticas alimentares. De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), entre 2010 e 2014, 6 milhões de hectares se juntaram às mãos de grandes proprietários, o que equivale ao triplo do território do estado de Sergipe.

A Aliança atuará em 9 eixos: 1) promoção, proteção e apoio aos saberes e práticas convergentes com a alimentação adequada e saudável; 2) promoção, proteção e apoio à amamentação e à alimentação complementar saudável; 3) fortalecimento da agroecologia e da agricultura familiar; 4) efetivação da proibição da publicidade dirigida ao público infantil; 5) restrição da publicidade de alimentos ultraprocessados; 6) melhoria da informação nos rótulos de alimentos; 7) aprovação de medidas fiscais promotoras da alimentação adequada e saudável; 8) promoção, proteção e apoio à alimentação adequada e saudável em ambientes institucionais, especialmente nas escolas; 9) monitoramento e exposição de práticas e políticas que estimulem condutas alimentares nocivas à saúde e que comprometam o sistema e a soberania alimentar dos brasileiros.

Confira mais sobre a Aliança e saiba como participar da mobilização no site www.alimentacaosaudavel.org.br

 

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Uma resposta em “Nem fome e nem industrializados

  1. Da maior importância uma aliança pela alimentação adequada e saudável, principalmente na área da comunicação com material de divulgação para as classes populares estimulando o consumo de raízes indígenas brasileira e latino-americanas que são produzidas pela agricultura familiar praticamente sem insumos químicos, como exemplo, o aipim e derivados da mandioca, batata, batata doce, cará, yacon e outras que também são de baixo custo de produção e revenda.

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