Jovens monitores/as participam de oficinas culturais em formação específica sobre políticas de cultura

Cidadania Cultural, Juventudes, Formação, Democracia e Participação, Convivência e Paz
11 de maio de 2015

Na formação específica do Programa Jovem Monitor/a Cultural (PJMC) realizada no dia 30 de março, na Galeria Olido, em São Paulo, os/as jovens puderam conhecer algumas políticas públicas culturais da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), como é o caso dos programas Valorização de Iniciativas Culturais (VAI), Aldeias, Agente Comunitário de Cultura e Pontos de Cultura.

“A Cidadania Cultural é um núcleo novo e difícil de conceituar, mas que tem como base estrutural um corpo com direção, coordenação e técnicos, com o caráter de acompanhar o financiamento do processo de produção artística cultural e o fortalecimento de grupos da periferia, trabalhando a cultura regionalizada”, explicou o jovem monitor Daniel Strabeli em uma breve apresentação do Núcleo de Cidadania Cultural e de algumas políticas públicas culturais da SMC.

Em seguida, o grupo de choro “O Ovo”, contemplado pelo programa VAI, realizou uma apresentação musical interpretando clássicos da música popular brasileira.

Os/as monitores/as também participaram de oficinas desenvolvidas por artistas contemplados/as pelo programa Agente Comunitário de Cultura. O ator Claudinho Irennio, fundador da Cia. Malucômicos de Teatro, ministrou a oficina de circo. Yvison Pessoa, integrante do grupo Berço do Samba de São Matheus, conduziu a oficina de percussão. Na oficina de fanzine, ministrada por Evelyn Medeiros Kazan, do coletivo de comunicação CLick, foi realizada uma breve conversa sobre a história do fanzine, onde os/as participantes puderam confeccionar suas próprias produções. Já Naná Roots fez os/as jovens dançarem na oficina de Samba Rock e Sound System. Em seguida, os/as agentes compartilharam suas experiências culturais e artísticas em uma roda de conversa.

Aldeias

Heloísa Pires de Lucca, coordenadora do programa Aldeias, trouxe um breve histórico do programa, originado do Vocacional Aldeias, realizado de 2008 a 2013. O programa é resultado de uma parceria da SMC por meio do Núcleo de Cidadania Cultural com as comunidades guarani Mbya, e de um convênio com o Centro de Trabalho Indigenista (CTI). Em seguida, Martha Luiza Macedo Costa Bernardo e Breno Feijó Alva Zunica, agentes culturais do Aldeias, compartilharam suas experiências e visões do programa.

De acordo com Heloísa, existe uma integração entre programas da SMC. “Temos alguns projetos do VAI acontecendo nas aldeias, e o Programa Aldeias também apoia os projetos do VAI. É muito legal isso, pois conseguimos trabalhar, em termos de projetos culturais, de forma muito integrada. Não há projetos isolados acontecendo”.

Cultura descentralizada

O coordenador do Núcleo de Cidadania Cultural, Gil Marçal, esteve presente para conversar com os/as jovens sobre políticas de cultura. Ele iniciou o encontro dizendo que há um esforço da Secretaria em promover políticas culturais de forma descentralizada, preferencialmente em locais onde o direito à cultura, do ponto de vista do acesso e da experimentação, está mais distante. “Se esses locais estão mais distantes, então é importante que cheguemos neles”, disse.

Gil explicou que a área de Cidadania Cultural é muito nova na SMC. “Ela vem com o propósito de expandir o acesso aos programas de cultura da cidade, principalmente nesses territórios onde o acesso às diferentes políticas públicas, seja de saúde, educação ou de cultura, como é o caso, estão mais fragilizadas”.

Segundo Gil, os programas que promovem uma parceria entre os grupos que produzem ações culturais e o poder público também são muito recentes e acontecem na cidade de São Paulo e no país em torno de 10 anos.

“Esse encontro, do poder público apoiar esses grupos, é muito recente. Antes disso, havia a ação direta, e isso continua existindo, onde se contratava um espetáculo ou se promovia uma ação direta do poder público, como é o caso das Casas de Cultura e do Sistema Municipal de Bibliotecas. Outra coisa que vai existir antes disso é a Lei Rouanet e outras leis de incentivo nos níveis federal e estadual. Essa nova lógica de produção cultural é muito recente e muito experimental”.

O coordenador do Núcleo de Cidadania Cultural também falou com os/as jovens sobre as tensões entre as Belas Artes e as Culturas Tradicionais e Populares e da importância de ser realizado um mapeamento sociocultural para distribuir de forma igualitária os recursos e projetos culturais para áreas mais necessitadas da cidade. Além disso, Gil disse que a cultura contribui para a transformação da identidade de um povo.

“As classes dominantes têm muita clareza do que cultura significa no sentido mais amplo, e não só de acesso às artes, mas como formação de um povo. O que transforma esse amontoado de gente nessa sala, na cidade de São Paulo ou no Brasil em um povo? A sua cultura”.

Gil finalizou o encontro dizendo que a cidadania precisa ter uma visão integral da cultura e das artes. “O importante é termos a ideia de que cidadania não é uma coisa estanque, à parte, separada. A cidadania tem que pensar na justiça social a partir de todos os elementos possíveis, inclusive das artes eruditas”.

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