FSM 2009: um momento fundamental de articulação para a Reforma Urbana
As expectativas em relação às atividades da Reforma Urbana nesse Fórum Social Mundial 2009, estão voltadas principalmente para o fortalecimento de articulações nacionais e internacionais. Esta articulação visa construir propostas para o desenvolvimento de cidades que sejam capazes de fazer frente aos desafios colocados pela persistência das desigualdades sociais e crises globais que atravessam o mundo na contemporaneidade.
As conferências, exposições e debates que a partir de hoje tem lugar na Tenda da Reforma Urbana deverão abordar os impactos das crises globais nas cidades do mundo e as possibilidades para a realização de ações políticas e formulação de agendas estratégicas que intensifiquem as lutas pela reforma urbana e pelo direito à cidade, na perspectiva de transformações sociais estruturais. A conferência do geógrafo David Harvey na abertura do seminário sobre alternativas ao neoliberalismo e o direito à cidade coloca-se como um importante disparador dessas discussões.Para Harvey o direito a cidade não se limita a acessos. Trata-se de fortalecer a participação social nos processos de refazer e reconfigurar as cidades. A urbanização é um processo de formação de capital. A participação e a luta pelo direito à cidade deve fazer frente a esse tipo de urbanização que atende aos interesses do capitalismo, muitas vezes apoiados pelo Estado.
“É preciso deixar clara a conexão entre a atual crise financeira e a crise urbana; são crises estreitamente ligadas”, defende o geógrafo.
A Tenda da Reforma Urbana é o local onde se realiza a maior parte das atividades relacionadas ao direito à cidade e à moradia digna propostas por entidades como, o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON), pelas organizações e movimentos populares articuladas no Fórum Nacional da Reforma Urbana e outras redes internacionais como Alianza Internacional de Habitantes (AIH) e Habitat International Coalition (HIC).
A realização das atividades nessa Tenda é importante para a criação de convergências e articulações que gerem condições para se aprofundar, aperfeiçoar e pactuar documentos políticos como a Carta Mundial do Direito à Cidade, entre outros. A consolidação desses documentos políticos poderá incidir em processos que potencializem e ampliem as lutas sociais urbanas. Incidência nos processos de construção do Fórum Urbano Mundial, de modo a gerar compromissos coletivos, a serem realizados em 2010 no Rio de Janeiro. Incidência nos processos de avaliação e denúncia dos impactos negativos provocados pelos grandes eventos e intervenções territoriais sobre os grupos explorados e mais vulneráveis que vivem nas cidades.
* urbanista e pesquisador do Pólis
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