Encontro AJAYU reúne participantes de quatro nacionalidades e traz propostas para o II Congresso Latino Americano de Cultura Viva Comunitária
No dia 17 de agosto o Pontão de Convivencia e Cultura de Paz do Instituto Pólis realizou o AJAYU, encontro preparatório para o II Congresso Latinoamericano de Cultura Viva Comunitária, a ser realizado em outubro em El Salvador. O evento, realizado em parceria com o Instituto Pombas Urbanas, reuniu participantes do primeiro congresso, em La Paz, Bolívia, e interessados em construir ideias e propostas sobre a Cultura Viva na América Latina.
Marcaram presença os coletivos Filhos da Dita, Grupo de Circo e Teatro Palombar, Cia Aos Quatro Ventos, e As Três Marias, o Sol e a Lua. De fora do país, vieram o grupo chileno Aleph, integrantes da Corporación Cultural Nuestra Gente e o diretor Jorge Blandón, da Colômbia, o grupo peruano Vichama, de Cezar Escuza. Também compareceu o historiador, gestor cultural e escritor Célio Turino, criador do programa Cultura Viva. O evento também contou com representantes públicos: Alexandre Santini, do Ministério da Cultura (MinC), Nabil Bonduki, secretário municipal de cultura de São Paulo, e Natália Cunha, representante do governo do estado de São Paulo.
O encontro foi aberto a partir da leitura do poema Relógio de América, de Hamilton Faria, poeta e coordenador de Cultura do Instituto Pólis. Em roda, os participantes foram incentivados a fazer algumas respirações profundas para evocar o pleno estado de presença e, em seguida, convidados a apreciar canções de origens latinas. Entre “Mama Africa”, de Chico César, e “Gracias a la vida”, de Mercedes Sosa, foram relatados sentimentos como dor, alegria, “força para seguir em frente”, “espírito sem fronteiras”.
Hamilton Faria falou do significado de AJAYU, palavra aymara que significa força vital, aquilo que nos move. Em seguida, o grupo compartilhou vivências do Cultura Viva Comunitária e teceram propostas para o congresso por vir. Célio Turino trouxe a importância da cultura e seu valor para a preservação da memória: “A ciência não é a única via para o conhecimento , devemos unir o científico do ancestral”.
“Devemos pensar por meio do biocentrismo – cultura é natureza, natureza é cultura”, disse Alexandre Santini, que expressou calorosa saudade do I Congresso, onde se reuniram 1.200 pessoas da América Latina e, dos quais cerca de 100 delegados de pontos de cultura paulistas. O representante do MinC disse que o governo apoiará uma caravana para El Salvador e recomendou que os coletivos de outros países façam parcerias com seus governos para que também enviem seus representantes ao encontro – se necessário, solicitando apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA). “Essa é uma grande oportunidade de reconhecer a cidadania cultural e potencializar atores para ampliar o sentido de cultura de paz, indagando e descobrindo possibilidades de diálogo intercultural”, conclui.
O mestre peruano Cesar Escuzo relatou que em seu país há atualmente mais de 180 conflitos meio às comunidades indígenas – conflitos ambientais, por interesses econômicos -, em um país amazônico com diversas reservas minerais. “O Peru segue por mais de 500 anos sofrendo”, disse. “Mas cada vez que me encontro com gente como vocês nos nutrimos, e cada dia somos ‘mais gente do território’, lutando, conectando las neuronas de la cabeza, compartilhando momentos visionários”.
Foram sugeridas as seguintes propostas para o próximo Congresso:
– Abraçar o tema Convivência e Bem Comum
– Fortalecer a rede latino-americana de Cultura Viva Comunitária
– Levar a El Salvador a energia de Ajayu
– Destacar a Cultura de Paz
– A importância da ancestralidade
– A afetividade que nos une: a unidade na diversidade
– A interculturalidade na América Latina
– Discussões sobre convivência e intolerância
– Educação e Cultura
Via Skype, Marlei Arguera da Red Salvadoreña, coordenadora do II Congresso de Cultura Viva Comunitaria, fala desde El Salvador: “Estamos esperando de 1.000 a 1.500 pessoas”. Ela informa que os organizadores estão criando uma plataforma para inscrição e proposição de oficinas e palestras e informação sobre a programação, que será divulgada em breve.
Chegando ao final, Hamilton leu a conclusão do círculo de visão de cultura de paz em La Paz, no Congresso de 2013: “A Rede Cultura Viva Comunitária não é apenas um lugar cultural e político, mas também de encontro afetivo, amoroso, de descolonização dos corpos e desarmamento dos espíritos; deve ser a expressão da Cultura de Paz na América Latina e constituir uma poética do encontro, a partir de nossas potências afetivas, pertencimento à natureza e diálogos com fortes cosmogonias ancestrais”.
Um grito AJAYU!
Leia também: Encontro debate preparativos para Congresso em El Salvador – Portal do Ministério da Cultura
Assista à gravação do encontro:
Para ver em tela cheia, clique aqui.
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