Discussão sobre ecossocialismo ganha força durante FSM

Participação Cidadã, Resíduos Sólidos, Segurança Alimentar e Nutricional, Inclusão e Sustentabilidade, Desenvolvimento Econômico Local, Democracia e Participação

Inquietos com a passividade e a falta de propostas frente ao modelo de desenvolvimento vigente, os ecossocialistas propuseram uma interpretação para a crise atual e uma proposta que incorpora ecologia, sentido democrático e auto-gestão, com o caráter teórico prático do socialismo. Um dos poucos coletivos que fizeram propostas frente à crise, eles não se consideram um partido político ou um movimento concreto. No entanto, foram destaque no Fórum Social Mundial em diversas mesas que propunham a discussão de temas a partir da interpretação ecossocialista.

Segundo o Manifesto Internacional Ecossocialista, estes se diferenciam dos movimentos ditos ecologistas ou socialistas por acreditarem que as crises ecológicas e o colapso social estão profundamente relacionados e devem ser vistos como manifestações diferentes das mesmas forças estruturais.

Estas forças tem origem, de uma maneira geral, na industrialização massiva ou mais precisamente, na expansão do sistema capitalista que promove impactos que já ultrapassaram a capacidade de absorção pela Terra, o que gera instabilidade ecológica. Também se opõem aos modelos socialistas que chamam de “burocráticos” do Leste Europeu, propondo um novo modelo radicalmente mais democrático e ecológico.

O início do movimento é datado pelos próprios ecossocialistas, com o início da luta dos trabalhadores na Amazônia, principalmente através de Chico Mendes e do movimento dos seringueiros. Dos mais importantes pensadores da rede ecossocialista, Michael Lowy e Joel Kovel, estiveram no Fórum, lançaram livros e manifestaram-se em salas concorridas por um público ávido por informações.

Em síntese, propõem: limites ao crescimento em busca da sustentabilidade, sem no entanto, impor escassez; valorização dos valores de uso em detrimento dos de troca, o que provoca alteração na produção e consumo desenfreado e de produtos sem necessidades reais. No momento em que ninguém duvida ou se opõe às previsões catastróficas, conhecer as propostas ecossocialistas e apoiá-las parece quase natural.

* pesquisadora da área de urbanismo do Pólis