AJAYU – Encontro debate preparativos para Congresso em El Salvador
Em junho de 2012, um pequeno ônibus vindo da Bolívia chegou ao Rio de Janeiro para escrever uma nova história. “A Caravana por la Vida – De Copacabana a Copacabana foi uma jornada épica, que veio do altiplano boliviano para a Rio+20, a conferência mundial sobre o meio ambiente, afirmando que Cultura mais Natureza é igual a Cultura Viva”, lembrou o diretor da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SCDC/MinC), Alexandre Santini, durante o Encontro Ajayu, realizado no Instituto Pólis, em São Paulo, na noite de segunda-feira (17).
A viagem da delegação boliviana não foi lembrada por acaso no encontro, organizado como uma reunião preparatória para o II Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária, a ser realizado, em outubro, em El Salvador. Foi ali, na mesma sala do Instituto Pólis, que se lançou o desafio de envolver os Pontos de Cultura do Brasil no I Congresso Latino-Americano e montar uma caravana brasileira “Por La Paz”, rumo à Bolívia, em 2013, para participar do evento. “Podíamos escolher um lugar óbvio, como São Paulo ou Buenos Aires, mas optamos por La Paz, para fazer o caminho de volta da caravana”, ressaltou Santini.
De volta à mesma sala para discutir os preparativos para o II Congresso, os participantes do encontro lembraram a mensagem da primeira caravana: de que cultura é natureza, e vice-versa, e que é um erro separar uma da outra. Compartilharam os avanços conquistados de lá para cá, como a aprovação da Lei Cultura Viva no Brasil, destacaram o momento delicado da conjuntura política brasileira e latino-americana (“As ameaças à democracia na América Latina infelizmente não ficaram no passado”, alertou Santini) e reafirmaram o interesse em fortalecer os processos da cultura viva comunitária no continente.
Convidados
Organizado pelo Instituto Pólis e o Instituto Cultural Pombas Urbanas, o Encontro Ajayu contou com a participação de Alexandre Santini, do secretário Municipal de Cultura de São Paulo, Nabil Bonduki, de representantes de Pontos de Cultura do Brasil e de convidados como Jorge Blandon, integrante da Corporación Cultural Nuestra Gente, da Colômbia, e César Escuza, do grupo teatral peruano Vichama.
O historiador e escritor Célio Turino, ex-secretário de Cidadania Cultural do MinC, abriu a roda de conversa falando da felicidade de ver a Cultura Viva – “uma ideia que nasceu como política pública no Brasil, mas que foi apropriada pelas pessoas” – prosperando na América Latina “de maneira tranquila, amorosa”. Ao destacar a construção de uma irmandade “de baixo para cima, de dentro para fora”, lembrou a necessidade de nos unirmos com a alma, ou seja, o “ajayu” (palavra de origem aimará que quer dizer “força vital”, “energia que organiza”).
“Quando penso no passado, penso na necessidade que temos de caminhar juntos, sabendo que temos que querer um pouco mais e que devemos proteger este milagre chamado Cultura Viva Comunitária”, afirmou o colombiano Jorge Blandon. “É um milagre que nos tenham permitido nos juntar, nos irmanar, nos reconhecer.”
O peruano Cesar Escuza, por sua vez, falou da importância de eventos como este, dos “encontros entre razão e coração”. “Encontrar gente como a que aqui está, isso nos alimenta, nos nutre, para regressar e dizer a nossos irmãos em Cultura Viva que a cada dia somos mais, que há mais gente em seus territórios lutando e se conectando”, disse.
Preparativos
Por Skype, Marlen Argueta e Sara Lazo, da Red Salvadoreña de Cultura Viva Comunitaria, disseram que estão se preparando para receber entre 1.000 e 1.500 representantes da América Latina e Caribe, entre os dias 27 e 31 de outubro, em San Salvador. Em 2013, a delegação brasileira contou com 200 integrantes em La Paz. Ao todo, foram 1.200 pessoas, representando 17 países.
Quatorze comissões já foram formadas em El Salvador para apoiar a realização do II Congresso. Uma plataforma digital (www.cvcelsalvador.cc) foi criada para facilitar os trabalhos, disponibilizando formulários de inscrição e informações sobre hospedagem, transportes, logística etc. Quem quiser sugerir temas de cursos ou debates poderá fazê-lo por essa plataforma até 10 de setembro.
Serão cinco dias de espetáculos, festivais, debates, reuniões, cursos e feiras em função do congresso. As atividades vão se concentrar na Universidade de El Salvador. A abertura, no entanto, será no Teatro Nacional, localizado no centro histórico de San Salvador, com a presença do presidente da República, Salvador Sánchez Ceren.
O Ministério da Cultura vai apoiar a ida de uma delegação brasileira, por meio de uma chamada pública, que será lançada em breve. Além disso, o programa IberCultura Viva está com inscrições abertas até 30 de agosto para que interessados em participar do congresso concorram ao edital de intercâmbio e recebam US$ 2 mil para as despesas com a viagem. O edital prevê a participação de um representante de cada um dos 10 países membros do programa. Formulários e informações estão disponíveis no site www.oei.org.br.
Teresa Albuquerque
IberCultura Viva
Fonte: Ministério da Cultura
Clique aqui para conferir na íntegra o vídeo da transmissão do evento
Anterior / Próximo