O espaço urbano em debate: Veja impressões dos participantes de “A Cidade do Capital e o Direito à Cidade” e assista às aulas na íntegra
Na semana passada o auditório do Instituto Pólis foi espaço de intenso debate sobre as diversas faces do processo de mercantilização da cidade contemporânea. O curso “A Cidade do Capital e o Direito à Cidade” aconteceu entre os dias 24 e 28 de agosto e reuniu 100 pessoas presencialmente, dentre representantes de movimentos sociais e conselhos participativos, membros de ONGs, gestores públicos, sociólogos, urbanistas, estudantes universitários, pesquisadores e outros profissionais. Pela internet, mais de 4 mil pessoas já assistiram às aulas.
Temas como o usufruto do espaço urbano, o direito à moradia, a distribuição da oferta de serviços públicos, a sustentabilidade, a mobilidade e o processo de gentrificação foram abordados e problematizados, oferecendo um panorama abrangente dos interesses que englobam o direito à cidade.
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A arquiteta Márcia Crespo destaca que o curso foi interessante porque não focou apenas na realidade paulista ou até mesmo a brasileira, já que havia pessoas de outras cidades do Brasil e delegados de 8 países da América do Sul, Central e África lusófona. “O curso não ficou fechado em si mesmo, trouxe diversos comparativos, contato com outras realidades”, observa Crespo. Impressão semelhante foi relatada pela mestranda da Faculdade de Arquitetura de Urbanismo da USP, Amanda Paulista: “teve um diferencial porque trouxe movimentos sociais e participantes de outros países e aulas que abordam todas as temáticas, o que dá uma visão mais plural”.
Já o secretário do Conselho Municipal de Rondônia Emanuel Meirelles ressalta a preocupação com a mobilidade e acessibilidade, inexistente em sua cidade: “Rondônia tem muitos buracos e obstáculos nas calçadas, não há rampas. É impossível para cadeirantes se moverem livremente”. Meirelles destaca o zelo do curso em tratar da inclusão social. “A cidade deve ser pensada para todos”.
Para os representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), o curso é importante porque contribui para o entendimento dos direitos e deveres dos cidadãos: “é um conteúdo significativo para desenvolver novos argumentos e se qualificar para sentar à mesa de negociações com gestores públicos”, explica Josué Vicente Pereira, membro do MTST.
Valdina Assis, coordenadora municipal da Central de Movimentos Populares e integrante do Movimento Sem Terra de Luta (MSTL), comenta que “o curso ajuda muito as categorias discriminadas, como nós mulheres vendedoras ambulantes, que contribuímos com 50% da economia do país e sofremos com as violências no dia a dia”. Ela enfatiza que as aulas são essenciais porque, ao instruir sobre os direitos, fortalecem os movimentos sociais, além de colocá-los em contato com movimentos de outros lugares, que apresentam problemas semelhantes. “A gente vê que a legislação existe, mas acaba não sendo para todos”, conclui Valdina.
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O curso “A Cidade do Capital e o Direito à Cidade” foi uma parceria entre o Instituto Pólis e o CESEEP, Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular, e sua transmissão online foi possível graças ao apoio da Associação Rede Rua.
Abaixo, você pode (re)ver as aulas na íntegra:
A produção capitalista do espaço urbano – Ermínia Maricato
Segunda-feira – 9:30h-12:30h
As lutas pelo direito à cidade – Central de Movimentos Sociais / Eduardo Cardoso
Segunda-feira – 14h-17:30h
As lutas pelo direito à moradia – MTST / Guilherme Boulos
Terça-feira – 9:30h – 12:30h
Meio ambiente urbano: O desafio da sustentabilidade – Chico Comaru
Terça-feira – 14h – 17:30h
A mercantilização dos serviços públicos e junho de 2013 – Silvio Caccia Bava
Quarta-feira – 9:30h – 12:30h
O Fórum Nacional pela Reforma Urbana e a luta pelo direito à cidade – Nelson Saule Jr.
Quarta-feira – 14h-17:30h
A segregação urbana e a gentrificação das cidades – Renato Cymbalista
Quinta-feira – 9:30h-12:30h
A luta dos catadores e a formação de políticas públicas – Elisabeth Grimberg
Quinta-feira – 14h-17:30h
Mobilidade urbana – Movimento Passe Livre
Sexta-feira – 9:30h-12:30h
O movimento de saúde e as políticas públicas – Jorge Kayano
Sexta-feira – 14h-17:30h
Olá Polianos,
Que vontade de estar entre vocês neste importante debate.Lamentavelmente nós nordestinos pouco participamos dos debates onde envolta a urbe. Os motivos são diversos, os quais, em certa medida, contribuem para a não consolidação da plena cidadania.
Paulo Reis,
Cientista Social