Dia Mundial Sem Carro questiona a Mobilidade Urbana nas grandes cidades
No dia 22 de setembro (quarta-feira), ocorre nas principais cidades do planeta o Dia Mundial Sem Carro. Criado na França em 1997, a campanha tem como bandeira debater a questão cada vez mais urgente da mobilidade urbana, e incentivar a população a utilizar outros meios de transportes para se locomover, como andar de bicicleta, a pé ou se não for possível, deixar o carro na garagem e pegar uma carona.
5 motivos para aderir ao dia mundial sem carro (2010)
Desde o governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), a realidade brasileira em relação às políticas de transportes sempre priorizou veículos rodoviários em detrimento do transporte ferroviário ou até mesmo fluvial. Na década de 1990, a abertura que permitiu a entrada das multinacionais na era Collor, seguida pelos incentivos fiscais do Governo Lula iniciados em 2002 (redução do IPI, imposto sobre produtos industrializados) foram fatores que aumentaram em grande parte a frota brasileira de automóveis. Pesquisa do Detran revela que só na cidade de São Paulo há mais de 7 milhões de veículos, para uma população total de 10 milhões de habitantes.
Os automóveis, em especial os carros, são os maiores
responsáveis pela poluição, pelo trânsito urbano e por acidentes no trânsito, problemas diários enfrentados pelos moradores das grandes cidades. Segundo o Comitê responsável pela Semana da Mobilidade (Evento que irá ocorrer em vários lugares ao longo da semana do Dia Mundial Sem Carro), “Os automóveis poluem, utilizam combustíveis fósseis e liberam gases de efeito estufa, além de transportarem em média 1,7 pessoas por vez, estimulando congestionamentos, que se tornaram grandes problemas nas cidades com mais de 50 mil habitantes.” Em relação aos acidentes no trânsito, dados da SPTrans mostram que, de 2002 a 2010, a cada ano morreram pelo menos 1250 pessoas em acidentes de trânsito na cidade.
Contudo, a realidade da maioria dos brasileiros não é o transporte por meio de carros. Estudo divulgado em janeiro deste ano pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelou que a maioria da população do país utiliza transporte público, se locomove a pé ou de bicicleta: na região sudeste, mais de 50% da população usa transporte público, ao passo que 25% se locomove por carros. (veja mapa abaixo).
Semana da Mobilidade em São Paulo – Diante do cenário caótico que o país enfrenta na questão do transporte, o dia mundial sem carro apresenta uma oportunidade para que se questione o modelo e as políticas públicas que incentivam cada vez mais o transporte automotivo individual.
Prova disso, na cidade de São Paulo, é a construção de novas obras, como as novas pistas da Marginal e uma ponte nova na Zona Leste, em detrimento ao transporte público, que ao invés de receber bons incentivos para melhorar sua qualidade, sofreu, neste ano, aumentos dos preços das tarifas de metrô e de ônibus (R$ 2,90 e R$ 3,00, respectivamente) e conta com trens e ônibus em condições cada vez piores. “A região sul e sudeste, apesar de apresentar um percentual alto do uso do transporte coletivo, ainda é insuficiente e precisa ser integrado aos outros modais”, diz Margareth Uemura, arquiteta e urbanista do Instituto Pólis.
A Rede Nossa São Paulo está organizando, em parceria com o comitê do Dia Mundial Sem Carro, a Semana da Mobilidade, que irá contar com seminários, palestras e atividades sobre a mobilidade urbana na cidade. Confira a programação.
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