Campanha no Morro Santa Marta, no Rio, atenta para o debate de Resíduos Sólidos

Participação Cidadã, Resíduos Sólidos, Inclusão e Sustentabilidade, Desenvolvimento Econômico Local, Democracia e Participação
13 de maio de 2014

O fim de semana no Morro Santa Marta, na Zona Sul do Rio, foi de tapete vermelho para quem dava a destinação correta a seu lixo. A Campanha “Eu quero o Santa Marta Limpo” transformou em celebridade o cidadão que mirava os contêineres da Comlurb, dando uma oxigenada na interpretação de uma das acepções da palavra celebridade: quem se destaca por possuir características ilustres. No Santa Marta, como salienta morador e diretor do Ibase, Itamar Silva, equacionar a questão do lixo representa dar um fim aos riscos de desabamento e melhorar a saúde da população, com a diminuição de ratos, baratas e pernilongos. A campanha, contudo, não quer somente incentivar a participação dos residentes da favela. Quer também compromisso do poder público. Gerente da Comlurb no Santa Marta, Luiz de Souza compareceu ao pontapé inicial da campanha no sábado (11/05). Ele informou que a companha vai aumentar o número de pontos de coleta do morro. O anúncio do poder público se casa à perfeição com uma atuação do Grupo Eco, organização governamental que atua no Santa Marta desde 1977. O Eco fará a cartografia do lixo da comunidade, apontando, assim, os locais em que os novos pontos de coleta serão mais urgentes.

A campanha já abriu um grande debate sobre o lixo no Santa Marta. Supervisor da Comlurb no morro, Marcelo Collares afirma que o lado do plano inclinado tem a questão do lixo mais bem equacionada. Isso porque, com o plano inclinada, os moradores têm mais infraestrutura para destinar o lixo de forma adequada. Já o outro lado (à esquerda de quem está na Rua São Clemente) o gari ou mesmo o morador tem de levar o lixo numa distância bem maior, já que não há qualquer transporte para facilitar tal tarefa. Collares então deu um sugestão: “Porque a Empresa Estadual de Obras Pùblicas (Emop) não faz uma espécie de duto para escorar o lixo do lado sem plano inclinado. Se a Emop está fazendo um prédio no morro, por que não faz algo bom em seu entorno. Seria uma contribuição fundamental para toda a população”, receitou Collares.

A campanha “Eu quero o Santa Marta limpo vai continuar firme e forte. E será feita em três fases: sensibilização, incentivo à correta destinação, demonstração das vantagens da separação do lixo e, por fim, uma ampla discussão sobre o porquê da produção de tanto lixo numa sociedade em que o excesso de consumo tem causado malefícios ao meio ambiente. Acompanhar todo essa bem-vinda agitação do Santa Marta pode gerar ideias para outros lugares da cidade, independentemente de renda e classe social. Mas a pesquisadora do Ibase Marina Ribeiro traz um recado importante sob a perspectiva das favelas. “O que também está em jogo aqui é o direito à cidade. Como parte integrante da cidade, a favela tem de ter os mesmos serviços de outros lugares em termos de qualidade”.

Morador do morro, Daniel Liberato joga no lixo uma mentalidade ultrapassada. “É terrível o pensamento que associa favela à sujeira”.

Fonte: IBASE

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