PLANO MUNICIPAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS – O grande desafio é o lixo orgânico
Implantado em São Paulo, e em pleno processo de revisão participativa, o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos definirá metas de recuperação de resíduos para os próximos 20 anos, de modo que apenas os rejeitos (que, hoje, perfazem 15% do total) sejam encaminhados para os aterros sanitários.
O maior desafio para o município são os resíduos orgânicos. Hoje, 53% de todos os resíduos que vão para aterros são orgânicos (restos de alimentos e de podas e jardins), totalizando 5.500 toneladas desse resíduo por dia. “O resíduo orgânico no aterro é um desastre. Ele produz gás metano, gases sulfídricos (responsáveis pelo mau cheiro) e o chorume, que além de tóxico demanda um tratamento muito caro”, diz Lúcia Salles, assessora especial do programa de orgânicos da Secretária de Serviços.
Por outro lado, “se tratado na origem, [o resíduo orgânico] entra em fermentação aeróbica, que só produz vapor d’água, e adubo líquido e o valioso composto orgânico”, explica.
Quando tratados, e não encaminhados para o aterro, os resíduos orgânicos geram um composto agroecológico, que substitui o uso de fertilizantes químicos, e possibilita o cultivo orgânico, produzindo alimentos saudáveis.
Para Elisabeth Grimberg, coordenadora de Resíduos Sólidos do Instituto Pólis, os aterros sanitários nas grandes e médias cidades representam um desperdício de terreno. “Essas áreas poderiam ser utilizadas para a produção agrícola ou mesmo para assentamentos humanos. Os grandes aterros vão na contramão do uso social da terra”, diz Grimberg.
Uma das soluções já adotadas pela Prefeitura de São Paulo para o tratamento de resíduos orgânicos é o projeto Feira Sustentável, em que feirantes descartam restos de frutas, verduras e legumes em caixas ou caçambas para a compostagem. Em sua 13a semana, o programa já evitou que 26 toneladas de resíduos orgânicos fossem encaminhados para aterros sanitários. Nesse sentido, o Plano de Metas da Prefeitura prevê, até o final da gestão, a compostagem de todos os resíduos orgânicos das quase 900 feiras e dos resíduos de poda e capina do município.
“A compostagem traz economia na limpeza, com menos gastos com varrição e menor utilização de água, diminuindo a quantidade de resíduo que circula de caminhão até os aterros, e gerando grande quantidade de adubo, que será encaminhada para agricultores urbanos do município”, diz Salles.
Outra aposta da Secretaria de Serviços são as 2.000 composteiras domésticas, que serão distribuídas para famílias e condomínios interessados em desenvolver a compostagem. Ainda, a intenção é desenvolver parcerias com a Secretaria da Educação, para a promoção da compostagem nas escolas aliada ao desenvolvimento de hortas, através do Programa Educando com a Horta Escolar e a Gastronomia.
“Na origem, o resíduo orgânico vira solução. Se ele se junta com os outros resíduos se torna um problema”, diz Salles.
Salles e o assessor Félix Sánchez vieram ao Instituto Pólis na última sexta (1), para programar um seminário que apresente um mosaico de soluções para os resíduos orgânicos.
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