Com apoio da sociedade civil, SP tem seu 1º Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional

Participação Cidadã, Segurança Alimentar e Nutricional, Inclusão e Sustentabilidade, Democracia e Participação
12 de julho de 2016

Após três anos de diálogo entre sociedade civil e poder público municipal, foi lançado o PLAMSAN, 1º Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional da cidade de São Paulo. A cerimônia de lançamento do Plano aconteceu no dia 29 de junho, no Centro de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional da Vila Maria (CRESAN), na zona norte da cidade. Lá, estiveram presentes cerca de 350 pessoas, dentre representantes da Prefeitura, agricultores familiares, líderes de povos tradicionais, imigrantes, movimentos sociais de SAN e sociedade civil interessada.

Christiane Costa, coordePLAMSANnadora de SAN do Instituto Pólis e presidenta do Conselho Municipal de SAN (COMUSAN), celebrou a conquista e destacou que o Plano foi elaborado de forma participativa, a partir das contribuições que vieram das Conferências Regionais e da Conferencia Municipal, de propostas e atividades realizadas pelo COMUSAN, e através do diálogo constante com a Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo da Prefeitura Municipal de São Paulo.

Acesse aqui o PLAMSAN na plataforma digital.

Confira na íntegra o discurso realizado por Christiane na cerimônia de lançamento do Plano:

Partimos da mobilização da Conferência Municipal e da adesão ao Sistema Nacional (SISAN) e aqui chegamos, apresentando um Plano que, se não é ainda a nossa utopia, é algo inédito e marcante para o movimento de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional desta cidade.

Para o nosso movimento, esse não é só mais um documento. Ele carrega todas as nossas histórias e lutas.

Resultado de um intenso trabalho intersetorial, o 1º Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional reúne projetos, programas e ações para garantir o direito humano à alimentação, o estímulo a hábitos alimentares saudáveis, o consumo consciente dos alimentos, a geração de renda, a inclusão social, o fortalecimento da agricultura familiar e maior acesso a produtos orgânicos.

Fechamos um ciclo e iniciamos outro: agora, seguimos rumo à implantação do Plano. Em direção à efetivação do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável na cidade de São Paulo.

Acostumados que estávamos em elaborar coletivamente estratégias de confronto com o governo, aprendemos muito com essa oportunidade de edificar um sistema, uma política e um plano de trabalho na área alimentar, e fazendo isso em um clima de colaboração e respeito às diferenças de opinião.

Conseguimos ver a questão alimentar crescer em importância na atual gestão. Para um tema que, inicialmente, não aparecia em destaque, até que andamos bem. E o que é melhor, independente do ponto de chegada, estamos certamente em uma boa estrada.

PLAMSANEm um mundo baseado na lógica dos circuitos de longa distância, onde a soja produzida no Brasil é processada nos EUA e enviada para a China, para alimentar animais, SP vem fazendo a diferença, comprando da agricultura familiar e operando na lógica do preço justo. E ainda, simultaneamente ofertando, na outra ponta, comida de qualidade àqueles que pelas leis do mercado, a ela não teriam acesso.

Como disse recentemente, Eric Gimenez, presidente da ONG Food First, a ironia trágica é ter 70% dos agricultores do mundo com fome. E a maioria serem mulheres. Ou seja, podemos dizer que a maioria das pessoas que alimentam o mundo têm fome e são mulheres.

Precisamos então ir além.

Há muito o que fazer em uma cidade da grandiosidade de São Paulo!

O Conselho tem uma avaliação e poderia ficar tempo aqui descrevendo as nossas realizações e também o que não conseguimos ainda fazer.

Mas hoje é um dia de comemoração e de agradecimentos por mais essa etapa vencida!

E é de coração que, em primeiro lugar agradecemos e homenageamos as nossas companheiras Maria José, Tina Galvão e mais recentemente, Roseli Leal, que tiveram uma participação fundamental no movimento de SAN em São Paulo e que já não estão mais conosco.

Agradecemos aos técnicos da Prefeitura, aqueles que tivemos contato. Não é comum testemunhar esse espírito comprometido e dedicado.

Nesse aspecto, são tantos os nomes, mas destacamos nossa gratidão em especial pela companhia durante todo o tempo, do Secretário Artur Henrique da Silva Santos, Secretário Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo (SDTE) e do Coordenador da COSAN, Marcelo Mazeta, que em respeito às funções do COMUSAN, sempre nos atenderam, dialogaram e souberam compreender as nossas divergências, em um clima de discussão democrática e cidadã.

Agradecemos particularmente ao Leandro Cuerbas, secretário do COMUSAN, companheiro de todas as horas, por sua infinita paciência no gerenciamento de nossas inúmeras demandas.

Por fim agradeço pessoalmente aos meus companheiros, conselheiros e conselheiras. Não é simples ser conselheiro em São Paulo. São inúmeras tarefas e muitos temas para um trabalho de natureza voluntária e com poucos recursos.

Penso que conseguimos trabalhar de forma descentralizada e participativa, e em muitas situações a liderança se fazendo rotativa, de acordo com a experiência ou acúmulo de cada um sobre o tema em questão.

Da Presidenta do Consea Nacional, Maria Emilia Pacheco, recebemos a seguinte mensagem:
Marcelo e Chris, que este seja um momento de congraçamento e renovação de energias para continuarem trilhando o caminho por esta grande causa da soberania e segurança alimentar e nutricional!

Considerando o cenário de eleições municipais este ano, conclamo os gestores que incorporaram a bandeira da SAN, os movimentos sociais e todas as organizações da sociedade civil desta cidade a seguir nesse rumo, com toda a firmeza, para que não exista a possibilidade de retrocesso no que foi até agora, por nós construído!

Nenhum direito a menos! Pela plena realização do Direito Humano à Alimentação!
Viva a comida de verdade e a verdade sobre a comida!

Foto em destaque (topo): Jaqueline Dourado Lins

Fotos texto: Solon Neto/Rede SANS

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