REDE GAIA – 10.000 pessoas se reúnem em município da China para protestar contra incinerador de lixo

Participação Cidadã, Resíduos Sólidos, Inclusão e Sustentabilidade, Desenvolvimento Econômico Local, Democracia e Participação
18 de julho de 2013

Fonte: Rede Gaia – Aliança Global por Alternativas à Incineração

Cerca de 10.000 pessoas se reuniram no dia 17 de julho no distrito de Huadu, na China, para protestar contra planos de construção de um incinerador de lixo que irá piorar a poluição na cidade fabricante de artigos de couro.

A manifestação, aprovada pelo funcionários do município de Shiling, começou por volta das 15h no escritório da comissão da aldeia Qianjin, com cerca de 3.000 participantes.

Mais pessoas se juntaram aos manifestantes e marcharam ao longo das estradas principais em Shiling para os escritórios do governo local. Algumas testemunhas dizem que o número total de manifestantes foi entre oito mil e 20 mil, enquanto o organizador disse que pelo menos 10 mil pessoas apareceram.

Cerca de 1.000 policiais armados foram vistos abrindo o caminho para os manifestantes, muitos dos quais portando bandeiras coloridas e grandes faixas criticando o plano do incinerador. O mar de gente ocupou cerca de um quilômetro ao longo das estradas.

“Estamos todos muito preocupados. O incinerador está a apenas 500 metros da minha casa. Tenho dois filhos e não quero que eles tenham problemas de saúde em alguns anos”, disse um pai de 33 anos de idade com dois filhos que cresceram em Qianjin, que segundo ele tem cerca de 500 moradores. “Mais da metade das sacolas de lixo do mundo são geradas aqui – Shiling está poluído o suficiente e não suportaria um incinerador.”

Este foi o segundo protesto relacionado em Shiling, seguindo uma no sábado (13) que atraiu por volta de 100 pessoas apenas. Shiling tem cerca de 300 mil moradores.

Na semana passada, gestores de Huadu anunciaram uma agenda para o incinerador, depois de terem dito no mês passado que ele seria instalado em Qianjin. O projeto está previsto para ser concluído em 30 de agosto, com uma avaliação ambiental pronta em fevereiro, e a construção deve começar em junho do ano que vem.

“A polícia não faz mal a ninguém hoje – eles estavam protegendo as mulheres e os idosos, e mantendo as coisas em ordem”, disse um residente de Shiling de 26 anos de idade.

Pelo menos cinco mil bandeiras foram levantadas no protesto, que se dispersou pacificamente depois de atingir os escritórios do governo municipal por volta das 18h.

O organizador do protesto, um aldeão de 45 anos de idade de Qianjin que não quis ser identificado, disse que a manifestação foi discutida com os gestores de Shiling na semana passada. “Vamos dar aos funcionários de Shiling alguns dias para resolver as nossas preocupações, mas se não houver resposta, vamos nos dirigir às autoridades distritais de Huadue, ou eventualmente, ao governo da cidade de Guangzhou”, disse ele.

No verão passado, centenas de moradores de Qingyuan e Guangzhou foram às ruas para protestar contra o projeto antes mesmo de detalhes da sua localização serem anunciados. Foi um dos maiores protestos contra os planos do governo para a construção de incineradores em Guangzhou.

Em 2015, Guangzhou planeja construir cinco novos incineradores de lixo, além do já existente em Likeng, no distrito de Baiyun.

O incinerador Likeng lida com 1.000 toneladas de resíduos por dia. A maioria do resto das 18.000 toneladas de lixo produzidas pela cidade a cada dia acaba em aterros sanitários que, de acordo com o Southern Metropolis Daily, já continham 40 milhões de toneladas no ano passado.

 

Este artigo foi publicado na edição impressa South China Morning Post e traduzido livremente para este site.

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